Coisas e Cinema

Sunday, July 22, 2007

Michael Moore


Me dei conta hoje que ainda não falamos sobre documentários por aqui... Então vou mudar essa situação agora! Vou começar falando um pouquinho, o básico, sobre Michael Moore. É, eu sei que é clichê, mas e daí?
Vamos do começo: desde os seus primórdios, o cinema já era visto como um instrumento capaz de registrar a realidade e, a partir de seu surgimento,
já havia duas vertentes: a ficção, iniciada por Meliés, e o documentário, iniciada com os irmãos Lumiére, responsáveis pelas primeiras sessões de cinema que exibiam cenas do cotidiano.
De lá para cá muita coisa mudou. A arte – tanto na ficção, como no documentário – evoluiu, surgiram gêneros e inovações técnicas, mas o documentário, até hoje, é visto como uma forma de registrar a realidade, porém a maneira de ver e pensar esse “registro” varia de documentarista para documentarista e de escola para escola.
Nos últimos anos, Michael Moore vem se destacando muito nessa área. Escritor e documentarista estadunidense que, desde o seu surgimento no cinema em 1989, com o filme Roger e eu (Roger and me) vem ganhando espaço. Conhecido pelo seu humor ácido e por sua forte crítica ao governo dos Estados Unidos e, mais propriamente a George W. Bush, Moore vem deixando sua marca no cinema.
Michael Moore surge com uma nova maneira de ver e fazer documentários. Seus filmes são ágeis, dinâmicos e contam com um humor peculiar e sarcástico. São documentários POP, uma grande colagem, um bombardeio de informações e passam de um tópico para outro em um ritmo frenético. Pode-se dizer que são documentários de entretenimento, exatamente o oposto da visão que a maioria das pessoas têm de um documentário: “filme chato”, sem graça e cansativo. Talvez por isso seus longas façam tanto sucesso.
Uma das principais características de seus filmes é que neles Moore atua como figura importante, a ponto de deixar a dúvida sobre quem é o verdadeiro “protagonista” da história: ele ou o tema abordado? Ele é diretor e astro e fica difícil imaginar seus filmes de outra maneira. Moore não só narra a história, como atua, intercede e rege tudo o que acontece em cena.
Esse é um daqueles diretores que despertam sentimentos contrários no público: admiração e desaprovação. Uma das principais causas dessa ‘desaprovação’ é fruto da parcialidade
do diretor. Isso porque muitos acreditam que o documentário deve ser imparcial e que deve apenas apresentar fatos, provocando reflexão, mas isso é mesmo possível? A partir do momento que alguém tem o poder de decidir o que entra ou não em um filme, o que é interessante ou não, já não há uma certa manipulação? Em maior ou menos grau, um documentário é o reflexo da visão de mundo do seu criador. E o interessante em Moore é que ele é parcial, mas não há segredos em relação a isso. Pelo contrário, ele é bem claro a respeito de sua parcialidade e pode-se ver nitidamente que ele utiliza todas as ferramentas e fatos possíveis para provar o seu próprio ponto de vista.
Um de seus principais filmes é Tiros em Columbine (Bowling for Columbine), de 2002, no qual aborda a cultura americana e, principalmente, a relação dessa sociedade com as armas de fogo, utilizando como base e fio condutor de seu trabalho uma tragédia que atingiu os Estados Unidos em 1999, quando uma escola de segundo grau do Colorado foi massacrada por dois estudantes, causando mortes entre alunos e professores. Esse foi o primeiro documentário exibido na competição do Festival de Cannes em quarenta e seis anos.
Michael Moore e seu Tiros em Columbine tratam de assuntos importantes, mas por mais sério que seja o tema, Moore não abandona a ironia e a sua áurea pop, fazendo um trabalho acessível e divertido. Um cineasta sério de entretenimento, um documentarista pop: Michael Moore.
Já é possível perceber
a sua influência no cinema com documentaristas como Morgan Spurlok, por exemplo, e seu filme Super Size me que, embora aborde outra temática, apresenta um formato muito semelhante ao de Moore.


*** Michael Moore é diretor, ator, produtor e roteirista. Nasceu no dia 23 de abril de 1954, nos Estados Unidos.
Filmes:
* Roger e eu (1989);
* Tiros em Columbine (2002);
* Fahrenheit 11 de setembro (2004);
* Sicko (2007).

* *Ganhou o Oscar de documentário-longa metragem em 2003 por Tiros em Columbine.

Natali Assunção.






Thursday, July 19, 2007

QUANDO NIETZSCHE CHOROU


Quando Nietzsche Chorou (When Nietzsche wept)
Irvin D. Yalom
2004, Ediouro


Ultimamente estes livros que estão a não sei quantas semanas em destaque por serem os mais vendidos têm me chamado atenção.
Eu não sou a maior fã de best-sellers, quem me conhece sabe, mas os livros que têm feito sucesso são realmente bons. [Pelo menos os que li]
Como minha queridíssima biblioteca da faculdade está sempre renovando, ainda bem, o livro “Quando Nietzsche Chorou” já estava disponível e como em se tratando deles sou realmente curiosa fui conferir o que o ele tinha de tão bom pra ter vendido pelo menos 200 mil cópias só no Brasil.

Bom, o enredo romanceia sobre o nascimento da psicanálise e começa com a procura da cura para as intermináveis dores de cabeça do filósofo Nietzsche, com o Doutor Breuer, e a tentativa de “cura pela fala”. Nessa história ainda se encontra o personagem Sigmund Freud, amigo do médico, que o ajuda nessa busca.

O médico acaba descobrindo que seu paciente só será curado se ele mesmo conseguir isso. Há uma inversão de papéis e, através de um pacto, o médico acaba se tornando paciente e aproveita tanto quanto ele o nascimento da psicanálise.

O livro precisa ser lido com muita atenção, pois os diálogos são extremamente preciosos neste livro, toda a história se desenvolve a partir, basicamente, dos diálogos de Nietzsche e Doutor Breuer.

Eu fiquei impressionada com a capacidade do autor, Yalon, em escrever Quando Nietzsche Chorou, já que um assunto tão complexo e distante para a maioria de nós, meros mortais, se tornou tão bonito como romance. Com certeza ele precisou estudar a fundo o livros de Freud e Nietzsche e, como eu nunca li nem um estudo deles, acredito que o autor tenha feito um ótimo trabalho.

“Se não conseguirmos abraçar nossa própria solidão, simplesmente usaremos o outro como escudo contra o isolamento” – Pg 372.

[Pra quem quiser ler o primeiro capítulo do livro: http://www.americanas.com.br/cgi-bin/WebObjects/Catalogo.woa/wa/materia?mat=4604 ]

Super recomendo :)
Talita Arruda

Monday, July 09, 2007

LETRA E MÚSICA



LETRA E MÚSICA (Music and Lyrics)
2007, 96 min.
Elenco: Hugh Grant, Drew Barrymore, Scott Porter...
Direção: Marc Lawrence




Um músico esquecido dos anos 80 que começa a fazer um relativo sucesso desde que sua banda acabou, precisa compor uma música para um cantora que está acima de Britney Spears e Cristina Aguillera juntas, para ter novamente dinheiro e fama. O problema é que ele não compõe letras de música, apenas melodias.


Daí, como acontece toda hora, ele conhece uma pessoa que vai apenas cuidar de suas plantas, Sophie Fischer (Drew Barymore), que, por coincidência, sabe como ninguém fazer boas rimas. E como em toda boa comédia romântica os dois acabam se envolvendo.


Falando assim esse filme teria tudo para ser uma história meio... “batida”, mas ele é realmente envolvente e mais real que outros que já vi, isso porque ele não tem toda aquela “poesia” e frases feitas de filmes românticos, nem a total entrega para o amor e tudo o mais. Além de ser um bom musical, com a vantagem das músicas não serem tão bregas ou feias, ou estranhamente aceitas pelo público como no filme “High School Musical”, recente febre hollywodiana.


O filme já começa dando uma idéia do papel do ator principal com um clipe da sua banda “PoP”, que fazia sucesso nos anos 80. E diverte pelo fato da música realmente se parecer com todo o clima dos anos trashes. [Veja o clipe da música do filme em: http://www.youtube.com/watch?v=19nMgLtzJCk]


É um daqueles filmes pra se ver quando uma comédia romântica está valendo mais que qualquer outro filme, bem fim de tarde e muito bom de se ver. Indico!

Marc Lawrence também dirigiu “Amor à Segunda Vista (2002)” e escreveu “Miss Simpatia (2000)”, “Miss Simpatia 2: Armada e Perigosa (2005)” e “Forças do Destino (1999)”.
Pra quem for assitir: Bom Filme!
Pra quem já assistiu: Comente!
Até.
Talita Arruda =)

Thursday, July 05, 2007

O Apanhador no Campo de Centeio (The Catcher in the Rye)



O Apanhador no Campo de Centeio (The Catcher in the Rye)
J. D. Salinger.
1951 / Editora do autor.


Antes de qualquer coisa, esse é um post que devia ter sido feito por Talita porque esse livro é a cara dela=)
Acabei de ler O apanhador no campo de centeio pela terceira vez. E a cada leitura que faço gosto ainda mais e percebo mais detalhes. Devo confessar que de primeira não caí de amores, o problema é que eu estava com a expectativa muito alta e - acho, inclusive que já falei sobre isso por aqui, se não, tudo bem – isso é um problema para mim. Sempre que
tenho uma certa expectativa em relação a algum livro ou filme é difícil que atingí-la. No geral, eu acabo me frustrando... Acontece sempre. Enfim, na minha primeira leitura, gostei, mas não achei nada demais. Foi “um livro aí que eu li”, digamos assim.
Mas, hoje em dia, a minha visão é outra. Vamos primeiro ao enredo: O livro conta um fim de semana na vida de Holden Caulfield, um adolescente americano de classe média alta que, após ser reprovado em quase todas as matérias e de ser expulso de mais um colégio, resolve sair
mais cedo do mesmo e “vagar por aí” na tentativa de adiar o fatídico encontro com os seus pais e a inevitável discussão com eles sobre essa expulsão.
O Apanhador
trata de assuntos simples, banais até, mas de forma envolvente. É um texto dinâmico e acessível que conta a história de Caufield, ou uma parte dela, mostrando o que é ser um jovem numa sociedade conturbada e o que é ver o mundo por uma perspectiva diferente dos demais.
O livro foi escrito em 1951, mas não envelheceu, essa continua sendo uma obra atual que gera identificação
instantânea, tanto nos jovens quanto nos adultos. Talvez pelos pensamentos, conflitos, frustrações e/ou idéias semelhantes entre o personagem e o leitor, talvez pelo ar de rebeldia, de inconformidade do protagonista... Seja qual for o motivo – esse sentimento é bem pessoal- a identificação é inevitável para a grande maioria dos leitores.
Um marco na literatura ocidental
, conhecido como um clássico indispensável, O apanhador no campo de centeio e o seu autor – J. D. Salinger - são constantemente citados em outros livros, filmes e até músicas. Apesar dessa influência, nunca foi adaptado para o cinema, Salinger não é muito fã da sétima arte... Esse é um livro para se ter em casa, para ler e reler.


J. D. Salinger

* Escreveu diversos contos, mas o seu sucesso se deve mesmo a O Apanhador no Campo de Centeio, seu primeiro romance, um clássico da literatura americana que, desde o princípio, foi um sucesso;

* Salinger serviu ao exército e participou da II Guerra Mundial;

* Após o sucesso de seu livro, isolou-se da mídia. Não concede entrevistas e não permite a divulgação de sua foto vinculada ao livro; Isolou-se numa cabana em uma cidadezinha e, aos poucos, foi diminuindo a sua produção literária.

*** Link legal sobre Salinger e seu livro: http://www.screamyell.com.br/literatura/apanhador.htm =)

*** E mais um: http://www.salinger.org/index.php?title=Main_Page (espécie de Wikpedia dedicada só ao autor. Não olhei direito, mas me pareceu interessante).




Pra Talita=)
Natali Assunção.


Tuesday, July 03, 2007

TRANSAMÉRICA






TRANSAMÉRICA, 2005, 103 min.
Elenco: Felicity Huffman, Kevin Zegers ...
Dir.: Duncan Tucker

O filme Transamérica fala sobre um transexual, que perto de realizar a sua cirurgia de mudança de sexo, descobre que teve um filho com a única mulher com quem ele fez sexo na vida.
Além de descobrir seu filho adolescente, Bree Osbourne (Felicity Huffman, que também faz parte do seriado de TV Desperate Housewives), descobre, também, que ele está preso. Bree, então, decide pagar a fiança a fim de liberta-lo, esse é o ponto inicial de algum tipo de relação entre esses dois estranhos. O filho, acreditando ter sido libertado por uma missionária religiosa que quer converte-lo, é convidado a ir para Los Angeles, cidade onde será realizada a cirurgia de mudança de sexo, com Bree.

O filme encanta por ser bem simples, até pela história dos personagens, os cenários são crus e ao mesmo tempo bem familiares.
E por falar nisso, a família da personagem principal, Bree, não sabe que ele agora é mulher, o que é ainda mais complicado, já que ela precisará de ajuda para cuidar de seu filho.

O que mais chama atenção no filme, além da própria história, é a excelente atuação do elenco, em especial de Felicity Huffman, que foi indicada ao Oscar na categoria de melhor atriz com este filme. Em algumas cenas você não consegue distinguir atriz/personagem de tão envolvente que é sua atuação. No começo é estranho ver uma mulher interpretando um transexual, mas no decorrer do filme essa “preocupação” fica de lado.

Confesso que fiquei surpresa ao ver Transamérica, porque falar desse assunto é bastante complicado, a preocupação deve girar em torno de não fazer um filme caricato ou preconceituoso. E a surpresa também fica por conta da atuação, claro, já que o forte de Desperate Housewives não é a atuação dos atores e atrizes.

Veja o trailer do filme:
http://www.apple.com/trailers/weinstein/transamerica/trailer1/

P.S.: Desculpem-me a demora em fazer novos posts, aconteceram crises de criatividade, mais trabalhos e provas da faculdade... Ó vida...
Talita Arruda =)