Michael Moore

Me dei conta hoje que ainda não falamos sobre documentários por aqui... Então vou mudar essa situação agora! Vou começar falando um pouquinho, o básico, sobre Michael Moore. É, eu sei que é clichê, mas e daí?
Vamos do começo: desde os seus primórdios, o cinema já era visto como um instrumento capaz de registrar a realidade e, a partir de seu surgimento, já havia duas vertentes: a ficção, iniciada por Meliés, e o documentário, iniciada com os irmãos Lumiére, responsáveis pelas primeiras sessões de cinema que exibiam cenas do cotidiano.
De lá para cá muita coisa mudou. A arte – tanto na ficção, como no documentário – evoluiu, surgiram gêneros e inovações técnicas, mas o documentário, até hoje, é visto como uma forma de registrar a realidade, porém a maneira de ver e pensar esse “registro” varia de documentarista para documentarista e de escola para escola.
Nos últimos anos, Michael Moore vem se destacando muito nessa área. Escritor e documentarista estadunidense que, desde o seu surgimento no cinema em 1989, com o filme Roger e eu (Roger and me) vem ganhando espaço. Conhecido pelo seu humor ácido e por sua forte crítica ao governo dos Estados Unidos e, mais propriamente a George W. Bush, Moore vem deixando sua marca no cinema.
Michael Moore surge com uma nova maneira de ver e fazer documentários. Seus filmes são ágeis, dinâmicos e contam com um humor peculiar e sarcástico. São documentários POP, uma grande colagem, um bombardeio de informações e passam de um tópico para outro em um ritmo frenético. Pode-se dizer que são documentários de entretenimento, exatamente o oposto da visão que a maioria das pessoas têm de um documentário: “filme chato”, sem graça e cansativo. Talvez por isso seus longas façam tanto sucesso.
Uma das principais características de seus filmes é que neles Moore atua como figura importante, a ponto de deixar a dúvida sobre quem é o verdadeiro “protagonista” da história: ele ou o tema abordado? Ele é diretor e astro e fica difícil imaginar seus filmes de outra maneira. Moore não só narra a história, como atua, intercede e rege tudo o que acontece em cena.
Esse é um daqueles diretores que despertam sentimentos contrários no público: admiração e desaprovação. Uma das principais causas dessa ‘desaprovação’ é fruto da parcialidade do diretor. Isso porque muitos acreditam que o documentário deve ser imparcial e que deve apenas apresentar fatos, provocando reflexão, mas isso é mesmo possível? A partir do momento que alguém tem o poder de decidir o que entra ou não em um filme, o que é interessante ou não, já não há uma certa manipulação? Em maior ou menos grau, um documentário é o reflexo da visão de mundo do seu criador. E o interessante em Moore é que ele é parcial, mas não há segredos em relação a isso. Pelo contrário, ele é bem claro a respeito de sua parcialidade e pode-se ver nitidamente que ele utiliza todas as ferramentas e fatos possíveis para provar o seu próprio ponto de vista.

Um de seus principais filmes é Tiros em Columbine (Bowling for Columbine), de 2002, no qual aborda a cultura americana e, principalmente, a relação dessa sociedade com as armas de fogo, utilizando como base e fio condutor de seu trabalho uma tragédia que atingiu os Estados Unidos em 1999, quando uma escola de segundo grau do Colorado foi massacrada por dois estudantes, causando mortes entre alunos e professores. Esse foi o primeiro documentário exibido na competição do Festival de Cannes em quarenta e seis anos.
Michael Moore e seu Tiros em Columbine tratam de assuntos importantes, mas por mais sério que seja o tema, Moore não abandona a ironia e a sua áurea pop, fazendo um trabalho acessível e divertido. Um cineasta sério de entretenimento, um documentarista pop: Michael Moore.
Já é possível perceber a sua influência no cinema com documentaristas como Morgan Spurlok, por exemplo, e seu filme Super Size me que, embora aborde outra temática, apresenta um formato muito semelhante ao de Moore.
*** Michael Moore é diretor, ator, produtor e roteirista. Nasceu no dia 23 de abril de 1954, nos Estados Unidos.
Filmes:
* Roger e eu (1989);
* Tiros em Columbine (2002);
* Fahrenheit 11 de setembro (2004);
* Sicko (2007).
* *Ganhou o Oscar de documentário-longa metragem em 2003 por Tiros em Columbine.
Natali Assunção.







